Los Angeles, 7 de julho – O correspondente Carlos Correia trouxe relatos impactantes sobre a vida de imigrantes ilegais nos EUA, que lutam diariamente para sobreviver, acuados como presas por “caçadores de imigrantes” do governo americano.
Em um lava-jato movimentado nos arredores de Los Angeles, estado da Califórnia, nos EUA, passei quase duas horas conversando com funcionários que vivem ilegalmente nos Estados Unidos. Seus relatos, marcados por medo e resiliência, revelam o impacto profundo das políticas migratórias endurecidas após a reeleição de Donald Trump.
Com operações de deportação intensificadas e uma meta diária de 3.000 detenções, esses imigrantes compartilham estratégias criativas e desesperadas para escapar da vigilância da Imigração e Alfândega (ICE), transformando a luta pela sobrevivência em um jogo diário de esconderijo e solidariedade.
Caso especial que me causou espanto foi de uma senhora de 46 anos da Venezuela que permaneceu presa por 4 meses, fugiu do país com seu marido para os EUA após o seu pai ser morto pelo coletivo de Nicolás Maduro.
A venezuelana adentrou nos EUA pela fronteira Sul com o México, possui 2 crianças e trabalha polindo carros. A imigrante entrou com pedido de asilo, mas atualmente está com pedido de deportação e permanece “vivendo escondida”, sabe que se for deportada irá morrer na Venezuela, pois é oposição ao governo.
Então descobri como eles fazem para fugir da imigração em um ato de coragem e medo. A venezuelana abriu o celular e mostrou um app feito para ajudar os imigrantes.
Com ajuste de 6 milhas (+- 10 km), o aplicativo emite alerta quando viaturas ou policiais de imigração ICE estão por perto. Trata-se do app “ICEBlock”, como na imagem abaixo.

Como funciona o ICEBlock?
O funcionamento do ICEBlock é simples: os usuários podem reportar anonimamente avistamentos de agentes do ICE em um raio de seis milhas, enviando alertas em tempo real.
A promessa de anonimato, o app não armazena dados pessoais, tem sido um dos principais atrativos, oferecendo uma sensação de segurança para aqueles que temem deportação. Com mais de 241.000 downloads registrados recentemente, o aplicativo alcançou os primeiros lugares na App Store, especialmente em áreas como Los Angeles, onde as operações do ICE têm sido frequentes.
“Queria fazer algo para ajudar a lutar contra isso”, disse Joshua Aaron, criador do app, em entrevista para mídias americanas, destacando que o ICEBlock é uma resposta ao aumento das detenções, que chegaram a uma meta de 3.000 por dia segundo ordens da Casa Branca.
Relatos indicam que comunidades têm usado o app para coordenar rotas seguras, permitindo que indivíduos evitem confrontos com agentes, muitas vezes mascarados e em roupas civis, durante incursões.
Por outro lado, a ferramenta tem gerado forte oposição. A administração Trump, por meio de figuras como a secretária de imprensa Karoline Leavitt e o diretor interino do ICE, Todd M. Lyons, classificou o ICEBlock como uma ameaça à segurança dos agentes, apontando um suposto aumento de 500% a 690% nos ataques contra agentes federais.
A procuradora-geral Pam Bondi chegou a ameaçar o desenvolvedor com investigações, sugerindo que o app poderia incitar violência e não estar protegido pela liberdade de expressão.
A popularidade do ICEBlock também foi impulsionada por um efeito inesperado: a crítica oficial só aumentou sua visibilidade, um fenômeno conhecido como “efeito Streisand”, quando a situação em que uma tentativa de remover ou censurar informação acaba por aumentar a atenção e a divulgação dessa mesma informação, frequentemente devido ao uso da internet.
Enquanto isso, usuários e ativistas defendem o app como uma forma de resistência pacífica, comparando-o a outros esforços comunitários, como fóruns e redes sociais que monitoram atividades do ICE.
Contudo, a narrativa não é unânime. Há relatos de que alguns opositores, incluindo grupos republicanos, estão inundando o app com alertas falsos para comprometer sua eficácia, levantando dúvidas sobre a confiabilidade das informações compartilhadas. Apesar disso, para muitos imigrantes, o ICEBlock representa uma linha de defesa em um contexto de políticas migratórias cada vez mais rigorosas.
A controvérsia em torno do app reflete um debate mais amplo sobre segurança, privacidade e os limites da tecnologia na luta por direitos. Enquanto o governo busca restringir seu uso, comunidades continuam a vê-lo como um farol de solidariedade em tempos incertos.
A questão permanece em aberto: será o ICEBlock uma solução inovadora ou um catalisador de tensões ainda maiores?
As informações são baseadas em relatos recentes e refletem sentimentos expressos por usuários e autoridades. A situação evolui rapidamente, e os impactos a longo prazo do app ainda são incertos.
Ao encerrar a minha experiência, deixei uma boa gorgeta e desejei toda a sorte do mundo para todos ali presentes, sabendo que também temos muito fugitivos e criminosos como imigrantes ilegais sendo presos todos os dias.
Se você sonha em morar nos EUA, não coloque sua família em perigo. Opte por vir legalmente, pois a travessia é arriscada e muitos não conseguem chegar ao destino.
Correspondente Carlos Correa – Califórnia
Instagram @carloscorreausa | X @CarloscorreaUsa
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Uma resposta para “Sobrevivendo às Sombras: A vida de imigrantes ilegais em Los Angeles após a eleição de Trump”
Parabéns aos Presidente Trump por essa atitude, põe freio nesta bagunça.