Em um desenvolvimento chocante divulgado minutos atrás pelo jornalista e correspondente internacional Nick Schifrin, do PBS NewsHour, surge o que pode ser o maior escândalo nas negociações de paz para encerrar a Guerra na Ucrânia.
De acordo com Schifrin, que cobriu o Fórum Internacional de Segurança de Halifax, no Canadá, o suposto “plano de 28 pontos” amplamente noticiado, que inclui concessões territoriais ucranianas, limites ao tamanho de seu exército e restrições à presença da OTAN, não é uma proposta oficial dos EUA. Em vez disso, trata-se de uma “lista de desejos” russa, vazada intencionalmente para a imprensa.
O secretário de Estado Marco Rubio teria esclarecido isso em ligações urgentes a senadores americanos, enfatizando que o documento foi entregue a um representante dos EUA como uma proposta inicial russa, e não como posição oficial de Washington.
O senador republicano Mike Rounds, da Dakota do Sul, confirmou a Schifrin que Rubio o contatou diretamente, afirmando: “Foi muito claro para nós que se trata de uma proposta entregue a um de nossos representantes. É uma oportunidade para recebê-la e transmiti-la aos ucranianos, que terão chance de responder.”
Rounds, presente no fórum, destacou que o plano não reflete a visão do governo Trump, mas sim interesses russos, e que Rubio autorizou os senadores a divulgarem a conversa para evitar mal-entendidos.
De acordo com as falas do Senador:
“Marco Rubio nos telefonou esta tarde. Acho que ele deixou bem claro que recebemos uma proposta que foi entregue a um de nossos representantes. Não é nossa recomendação, não é nosso plano de paz. É uma proposta que recebemos. E, como intermediários, providenciamos o compartilhamento dela. E não a divulgamos. Ela vazou. Não foi divulgada por nossos membros ou nossos representantes… Esta é uma oportunidade de recebê-la, e ela foi utilizada e entregue aos ucranianos, para que eles tenham a oportunidade de responder. E, ao fazer isso, temos agora um lado sendo apresentado e a oportunidade para o outro lado responder”.
Outros senadores, como o independente Angus King, do Maine, e a democrata Jeanne Shaheen, de New Hampshire, ecoaram o alerta: o documento é “essencialmente a lista de desejos dos russos” e contém termos “totalmente inaceitáveis” para a Ucrânia, como a cessão de territórios ocupados e proibições a tropas da OTAN.
King enfatizou que não se trata da posição oficial da administração, mas de uma manobra russa para pressionar Kiev.
Essa revelação ocorre em meio a uma escalada diplomática: Rubio viaja para Genebra para negociações com europeus e ucranianos, enquanto Trump, em declarações recentes, evitou negar o plano, mas insistiu em uma “paz realista”.
O vazamento pode complicar as tratativas, alimentando acusações de manipulação russa e questionando a credibilidade das negociações lideradas pelo enviado especial Steve Witkoff. Schifrin, conhecido por sua cobertura premiada sobre o conflito, alertou que isso representa um “golpe de relações públicas” de Moscou.
O Washington Post noticiou, na sexta-feira, que o plano de paz exigiria que a Ucrânia reduzisse drasticamente o tamanho de seu exército e cedesse vastas áreas de território à Rússia, incluindo Donetsk. Zelensky, com base no que disse à nação em um pronunciamento na sexta-feira, não se mostrou muito entusiasmado com o acordo.
O presidente Trump, ao falar com repórteres na manhã de sábado, não contestou as notícias de que estaria pressionando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a aceitar o acordo de paz até o Dia de Ação de Graças.
Ele disse que Zelensky, se não aceitar o acordo, que “lute até o fim”. Quando questionado por repórteres se aquela era sua “oferta final”, o presidente respondeu: “Não, gostaríamos de chegar à paz”.
Isso significa que o verdadeiro teor do suposto “acordo de paz de 28 pontos” nunca foi oficialmente apresentado ou endossado pelos Estados Unidos. O documento que circulou amplamente na imprensa e nas redes sociais não é uma proposta americana, mas sim uma lista de demandas russas entregue à delegação dos EUA como ponto de partida das negociações.
Portanto, tudo o que o público conhece até agora, incluindo concessões territoriais, limitações ao exército ucraniano e restrições à OTAN, reflete essencialmente os interesses de Moscou, não a posição oficial da administração Trump.
Até o momento, o conteúdo real do esboço de paz elaborado ou defendido pelos Estados Unidos permanece desconhecido do público e, segundo fontes do Departamento de Estado e senadores americanos, nunca foi formalmente apresentado como uma proposta oficial de Washington.