Em meio a uma semana de tensão na Dinamarca, marcada por intrusões de drones que paralisaram aeroportos, infraestruturas críticas e bases militares, surge um detalhe: Um navio de desembarque anfíbio Aleksandr Shabalin, da Frota Russa do Mar Báltico, está ancorado em silêncio perto das ilhas de Langeland e Lolland, no sudeste do país.
Com seus sistemas de rastreamento AIS desligados, o navio, capaz de transportar 10 blindados e 340 soldados, evade radares públicos. Relatos do jornal Ekstra Bladet, que o localizou via helicóptero, revelam tripulantes no convés observando o sobrevoo, intensificando o mistério.
Autoridades dinamarquesas, lideradas pela primeira-ministra Mette Frederiksen, classificam os incidentes de drones como o “ataque mais grave à infraestrutura crítica” do país até agora, ligando-os a uma onda de ações híbridas vistas na Polônia, Romênia e Estônia, todos com digitais suspeitas de Moscou.
O posicionamento do Shabalin, a apenas 12 km da costa dinamarquesa, fora das águas territoriais mas dentro do alcance de drones, alimenta especulações: seria o navio uma plataforma móvel para lançar os aparelhos que aterrorizaram Copenhague e Oslo?
A proximidade geográfica e o timing perfeito sugerem uma conexão, mesmo que a Rússia negue veementemente qualquer envolvimento. Essa presença naval russa não é isolada; o Mar Báltico, vital para a OTAN, tem sido palco de exercícios e provocações crescentes desde a invasão da Ucrânia.
O Shabalin, modernizado em 2023 e parte de uma frota projetada para projeção de poder anfíbio, evoca táticas de guerra híbrida: invisibilidade digital combinada com ameaça física, testando a vigilância aliada sem cruzar linhas vermelhas.
Para a Dinamarca, membro da OTAN, isso representa um dilema, responder militarmente poderia escalar tensões, mas ignorar reforça a percepção de vulnerabilidade em um flanco oriental já sobrecarregado.
As relações entre esses eventos pintam um quadro de escalada sutil: Moscou usa drones e “navios fantasmas” para desgastar a coesão da OTAN, ecoando sabotagens em cabos submarinos e violações aéreas recentes. Enquanto a aliança reforça patrulhas aéreas com jatos britânicos, franceses e alemães, a lição é clara: a guerra fria no Báltico está mais quente do que nunca, e o Shabalin pode ser apenas o prenúncio de algo maior.